Um dia desses eu estava conversando com o pastor Fernando estudioso dos problemas escolares e aconselhador de professores. Logo que chegou ele me perguntou o que eu acho de tudo o que está acontecendo com a vida escolar. Me fazendo de desentendido perguntei a ele do que ele exatamente estava falando... E, minha presunção se confirmou. Ele estava realmente falando da indisciplina. Desde que terminei minha pós fiquei apenas na espreita desse assunto, apenas ouvindo o que os outros, inclusive ele, tinham a dizer. Por vários motivos, e o principal... Eu sou sempre muito incisivo e acabo gerando discussões. Mas dessa vez a pergunta foi direta demais, e como estávamos apenas nós dois na sala dos professores, comecei a expor minhas ideias sobre os assunto. Gostaria de, nessa postagem, expor minha visão do que é, por que existe e como devemos trabalhar. Sei que não existe uma receita mágica para isso, mas sei também que a troca de experiências é sempre válida.

Quando indagado pensei por alguns instantes e falei que muitos desses problemas vem por não entendermos ou não darmos o real valor à progressão continuada. Entendo que a progressão continuada não é apenas promover um aluno que ainda não saiba ler ou escrever, mas sim que os professores que irão trabalhar com ele no próximo ano tenham o bom censo de ajudá-los a vencer essa dificuldade. Porém, e infelizmente, o que vemos são professores que não conseguem voltar-se alguns minutos de seu tempo, que deve ser muito precioso, para esses alunos com dificuldades de aprendizagem. Sei e reitero que isso não é nada fácil, mas quando assumimos o compromisso de sermos educadores essas situações já existiam e foram aceitas por todos nós. Mas todos devem estar pensando por que eu estou falando isso se meu assunto nessa postagem é indisciplina, não é?
Pois bem, esses alunos que possuem dificuldades, em sua maioria, acabam por não conseguirem acompanhar o que é ensinado a seus colegas tendem a começar a conversar, andar pela sala sem autorização, bagunçar. Embora isso seja algo que independe de sua vontade real num primeiro momento, até por que todos nós sabemos que nenhuma criança consegue ficar parada só prestando atenção num professor por um longo espaço de tempo, aliás, comprovado cientificamente. Enfim, por essas e muitas outras razões esses alunos começam a desenvolver focos de indisciplina, exatamente pela necessidade que possuem de preencher seu tempo ocioso para eles.
Tudo eu pensei quando o pastor Fernando me fez aquela pergunta. A resposta mais simples e clara que consegui dar foi essa, que nós não estamos conseguindo trabalhar com eles.
Pela primeira vez desde que terminei meus estudos estou lecionando em escola pública, até então só tinha feito estágio, e que vejo é que os professores em sua maioria estão muito cansados, muitos aguardando o tempo de aposentadoria, e não conseguem buscar outros meios de trabalho com esses alunos.
Nessa escola que estou, pelo menos do fundamental II que tive a oportunidade de lecionar para todos os alunos por estar dando aulas de inglês, percebi que temos duas situações centrais com os alunos indisciplinados, primeiro eles possuem dificuldades de aprendizado e acabam se perdendo e não conseguindo acompanhar a turma e a segunda são os alunos que foram retidos em séries anteriores. O que mais me chamou a atenção é que essa situação empatou com as instituições particulares em que trabalhei.

Luiz Vagner Lima
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