terça-feira, 15 de março de 2016

Escolhas: passado, presente e futuro

                                    Momentos de lembranças e de vida
Chega a ser interessante essa vida e suas surpresas diárias...
Os acontecimentos recentes tem me feito questionar o que me trouxe a esse momento em que vivo, e posso lhes dizer sem muitas delongas... minhas escolhas são as culpadas! São elas que moldaram meu passado, desenham meu presente e ditam meu futuro.
Há alguns anos atrás eu buscava ansioso por um futuro melhor, uma escola que, mesmo sendo pública, pudesse me abrir horizontes e ajudar-me a ter qualidade no ensino. Foi aí que numa conversa com uma professora ela me falou que na cidade vizinha tinha uma escola que era tão boa que os professores para trabalhar lá tinham que fazer uma prova e os alunos que ali estudavam passavam por um vestibulinho. Logo me animei e percebi que essa era a oportunidade que eu tanto buscava, e que não poderia deixar passar. Lembro-me que assim que cheguei em casa falei para minha mãe qual era minha vontade e ela logo me animou e disse que eu deveria correr atrás e me preparar para seguir no que tanto desejava. Fiz tudo o que podia e passei no vestibulinho. Ali estava eu inscrito para estudar numa escola pública por período integral. Fiquei muito animado, mas ainda tinha uma dúvida em minha cabeça, o que era o tal do magistério que eu ia estudar no ensino médio?
A dúvida foi crescendo e mesmo envergonhado por ter me inscrito para estudar algo que sequer sabia o que poderia ser perguntei para minha mãe durante aquela longa viagem de volta para nossa casa. Ela olhou para mim com aquele olhar de juízo como quem desacreditasse que eu poderia estar fazendo aquela pergunta e logo me respondeu, você vai ser professor!
Eu me assustei e fiquei planejando o que faria, ou como faria. E logo lembrei-me de uma fala da secretária que fez minha matrícula, ela esclareceu que se eu não quisesse concluir o magistério poderia terminar o ensino médio e pegar o diploma correspondente. Aquela lembrança naquele momento me trouxe um alívio sem medidas. Estava decidido, eu estudaria apenas até o terceiro ano e faria uma faculdade!
O ano letivo começou e tudo o que os professores falavam sobre a profissão não me pertencia e eu não dava a devida atenção. Na verdade era um grande sofrimento ficar ouvindo todas aquelas orientações do que deveria fazer e de como um bom professor o faria. Mas isso não durou mais do que seis meses. Tudo começou a se transformar e minha visão sobre a profissão começou então a ser moldada. Quando eu ainda estava no segundo ano do curso fui convidado a substituir uma professora da classe de Educação de Jovens e Adultos e me impressionei como aquele mundo era bom e quanto significativo poderia se tornar ser o precursor do letramento daqueles que lutaram e sofreram por toda uma vida por não conseguir decifrar os escritos impostos pela vida. Foi aí que me vi convencido em definitivo que deveria sim seguir a profissão.
Essa decisão moldou minhas escolhas desde então. Lembro-me de me apaixonar pelo trabalho com projetos e tive a oportunidade de realizar vários enquanto estagiário nas escolas da periferia daquela cidade que me acolheu no berço da vida acadêmica. Dali tive a oportunidades que me moldaram e aos poucos me tornaram no educador que sou hoje.
Já passei por muitas coisas, já trilhei muitos caminhos, as quedas foram diversas, assim como os aprendizados. São as escolhas de hoje que me trarão outras lições tão necessárias para a vida. E ainda bem que podemos aprender sempre, afinal, o mundo vive em contante mudança e eu não gostaria de ser o mesmo professor começou a dezesseis anos atrás sem passar pelas fases da vida, sem passar pelas dificuldades e acima de tudo, sem aprender e abraçar com o novo!

segunda-feira, 14 de março de 2016

Sabe o porquê das manifestações?




Num estado em que uma escola comemora por estar chegando no nível um de uma escala que parte e zero e vai a cinco e que a merenda começa a tornar-se escassa, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas para lutar pelo que não entendem, para pedir o que não sabem.
                                                                                       Foto da internet: Batom democrático 
Que dia histórico!
Hoje compartilhei em minha rede social que sinto pelos meus amigos historiadores que terão que relatar esse acontecimento no futuro e tentar desvendar tudo o que estava por trás de tanta hipocrisia e idolatria barata. Não se sabe se lutavam por um país melhor, pelo impeachment de nossa governante mor, pelo desgaste e desmando do governo, ou até mesmo pelo modismo do vamos porque todos vão.
Vivemos sim uma crise insustentável em que todos somos prejudicados por políticos corruptos que nos representam. Porém, algo é muito curioso nisso tudo. Em 2013 vivemos um ano marcado por diversas manifestações que se espalharam pelo país afora e que todos faziam questão que não era por R$0,20 centavos (referência ao aumento da passagem dos transporte que levaram às manifestações na ocasião), mas sim que era pela corrupção e desmandos do governo. Muitos iludiram-se pensando que uma resposta da população seria apresentada nas urnas. Enganamo-nos! E desde então o esforço da oposição de nosso país tornou-se uma meta, derrubar o governo eleito a qualquer preço.
Diante desse disputa entre perseguidor e perseguido, surgem diversas acusações contra membros do governo. A crise torna-se política!
E oportunistas aproveitam o desenrolar das investigações para convocar manifestações contra o governo. Muitos atenderam! Foi lindo de se ver aquelas multidões nas diversas cidades pelo Brasil. Seria uma aula de civismo, seria!
Seria se todos soubessem porquê estavam ali! Seria se todos estivessem ali pelo motivo certo! Seria se a pauta fosse pelo Brasil e contra corrupção e não por um partido e contra outros!
Sinto que tenhamos que viver agora o significado e o resultado da qualidade do ensino que temos em nosso país.
Sinto que tenhamos que viver agora exatamente para o que fomos treinados nas escolas, ou seja, para obedecer e fazer segundo a vontade de uma minoria!
Essa é a consequência de viver num país em que a educação é deixada de lado. Hoje sabemos o porquê disso por viver isso!

domingo, 13 de março de 2016

VOLTAR, FICAR E FAZER



Diante de tantos questionamentos que vivenciamos nesses últimos dias uma nuvem trouxe uma tempestade de situações que me afetam diretamente e trouxeram uma aflição nem um pouco desejada. Minhas falas recentes em mudanças e em sua necessidade nunca foram tão gritantes e absolutas como nesse momento. Vivo uma vida de alegrias e de vislumbres que me trazem prestígio profissional, mas nunca os de outrora que marcam minha história e embeleza minha biografia. O momento é outro, as dificuldades são outras, as necessidades são outras. Um questionamento essa semana, mesmo que transformado de supetão, me levaram à uma reflexão e conclusões infindáveis.
Numa das aulas dessa semana eu tive a oportunidade de falar aos alunos, numa aula de geografia, sobre a formação da estrutura geoeconômica brasileira com o passar dos séculos. E de início falamos sobre a história econômica de nossa cidade e como aquelas características das décadas de 40 e 50 influenciam até o hoje o modo de viver por aqui. Foi quando um aluno me perguntou porque eu me limito tanto às aulas de língua portuguesa quando meu conhecimento vai além dos limites dessa disciplina. De sobressalto a resposta que me veio é que isso não é nada além do que eu devo saber, faz parte de minha formação e opção como educador. Mas não parou por aí, dias depois uma de minhas colegas de trabalho ouviu minha narrativa sobre minha experiência anterior em educação especial e soltou um sonoro "e você não vai fazer nada?". Os segundos seguintes àquelas palavras me levaram a um novo momento de reflexão e análise. Por que eu estou a tanto tempo distante de coisas que gosto muito de fazer? O que eu realmente gosto de fazer? O que eu realmente faria da melhor maneira?
Depois de dias atormentados por essas perguntas, fomos (os professores da escola em que trabalho) convidados para escrever crônicas para um livro que iremos lançar no final desse ano. Com muita alegria em me ver envolvido em mais um projeto grandioso com colegas e amigos tão preciosos pensei no quanto isso é válido pra mim e no quanto me enriqueço ao participar desses momentos de aprendizados que tanto me deleito. Uma luz acendeu-se e me fez sentir o quão valioso é isso pra mim. Não tem como pensar em mudanças, em progresso sem que minha atuação como educador esteja intrinsecamente envolvida. Eu construí minha história  às margens desse volumoso rio chamado educação. Dentro de todas as suas nuances, de todos os seus desafios, de todas as suas alegrias, e de todas as suas necessárias ações!
Vivenciar momentos que transformam vidas e que fazem com que elas realmente valham a pena é o que eu quero estampado em minha biografia.
Eu ei de voltar para tudo o que o gosto, eu de ficar em tudo o que gosto, eu ei de fazer tudo o que gosto, pois é assim que terei a alegria dos momentos e a felicidade da vida!